Entenda a Doença Celíaca e Como Conviver com Ela

Doença Celíaca: Causas, Sintomas e Tratamento

A doença celíaca é uma condição autoimune que ocorre em resposta à ingestão de glúten, uma proteína encontrada em diversos cereais. Esta doença provoca inflamação e atrofia da mucosa intestinal, prejudicando a absorção de nutrientes essenciais e resultando em uma variedade de sintomas gastrointestinais e sistêmicos. O diagnóstico precoce e a adesão a uma dieta isenta de glúten são fundamentais para o controle da condição.

O que é o Glúten?

O glúten é uma proteína que se encontra principalmente no trigo, aveia*, centeio, malte, triticale, espelta, kamut e cevada. Como resultado, muitos alimentos, como pães, massas, bolos, biscoitos e cervejas, contêm glúten em suas formulações. É importante ressaltar que, embora a aveia seja naturalmente livre de glúten, ela pode ser contaminada durante o processamento. Portanto, celíacos devem optar por aveia rotulada como “sem glúten”. O aviso “contém glúten” nas embalagens é direcionado aos portadores da doença celíaca, que devem evitar rigorosamente essa proteína.

Compreendendo a Doença Celíaca

Classificada como uma doença autoimune, a doença celíaca provoca uma resposta inflamatória no intestino delgado quando o glúten é ingerido. Esta inflamação pode ser tão intensa que danifica as vilosidades intestinais, que têm a função de absorver nutrientes. Como consequência, pode ocorrer a síndrome de má absorção intestinal, que será discutida mais adiante. Diferente da alergia ao glúten, a doença celíaca apresenta um mecanismo imunológico distinto e é relativamente comum, afetando mais frequentemente pessoas de ascendência europeia. A prevalência é estimada em uma a cada 150 pessoas nos EUA e na Europa, com taxas ainda mais altas em países nórdicos.

Fatores de Risco

A predisposição genética desempenha um papel significativo na doença celíaca, com cerca de 10% dos parentes de primeiro grau de um paciente também apresentando a condição. Embora a doença possa afetar qualquer indivíduo, aqueles com outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto e lúpus, têm um risco maior. A introdução do glúten na dieta de bebês não parece influenciar significativamente o risco de desenvolver a doença, desde que ocorra entre os 4 e 12 meses de idade.

Sintomas da Doença Celíaca

Os sintomas típicos da doença celíaca resultam da atrofia das vilosidades intestinais, levando à má absorção de nutrientes. Os principais sinais incluem:

  • Diarreia, frequentemente com gordura nas fezes (esteatorreia);
  • Flatulência;
  • Cólica abdominal;
  • Perda de peso;
  • Anemia por deficiência de ferro, ácido fólico ou vitamina B12;
  • Osteopenia devido à falta de cálcio;
  • Sangramentos por deficiência de vitamina K.

Em crianças, o diagnóstico tardio pode resultar em desnutrição e atraso no crescimento. Manifestações não intestinais incluem dermatite herpetiforme, alterações dentárias, artrite, problemas menstruais e complicações na gravidez. Cada paciente pode apresentar um quadro clínico distinto, com alguns tendo sintomas leves ou mesmo nenhuma queixa.

Diagnóstico da Doença Celíaca

O diagnóstico pode ser desafiador devido à semelhança dos sintomas com outras condições. A maioria dos pacientes não tratados apresenta níveis elevados de anticorpos no sangue, sendo o anti-TTG o mais sensível para diagnóstico. É crucial que o paciente mantenha uma dieta normal, com glúten, antes de realizar os testes. A confirmação do diagnóstico se dá através de biópsia da mucosa intestinal durante uma endoscopia.

Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca

Além da doença celíaca e da alergia ao trigo, existe a sensibilidade ao glúten não celíaca, caracterizada por sintomas gastrointestinais sem evidências de autoimunidade. Os sintomas incluem dor abdominal, inchaço e fadiga, com melhora após a retirada do glúten. O diagnóstico é feito por exclusão, após descartar as outras condições mencionadas.

Tratamento da Doença Celíaca

Embora a doença celíaca não tenha cura, ela pode ser controlada com uma dieta rigorosamente livre de glúten. Manter essa dieta é desafiador, pois muitos alimentos e até medicamentos podem conter glúten. O acompanhamento de um nutricionista é essencial para evitar contaminações e garantir uma nutrição adequada. Após a exclusão do glúten, a inflamação intestinal geralmente melhora em semanas, embora a recuperação total das vilosidades possa levar meses ou até anos.

Alimentos Sem Glúten

Existem diversas opções de alimentos que podem ser consumidos por pacientes com doença celíaca, como:

  • Frutas frescas;
  • Legumes;
  • Carnes (bovina, frango, peixe, porco);
  • Produtos lácteos;
  • Arroz e milho;
  • Farinhas sem glúten (arroz, soja, milho);
  • Quinoa e tapioca;
  • Vinho.

Referências

– Celiac Disease – World Gastroenterology Organisation Global Guidelines.

– Guideline for the Diagnosis and Treatment of Celiac Disease in Children: Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition – Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition.

– Coeliac disease – National Institute for Health and Care Excellence (NICE).

– Diagnosis of celiac disease in adults – UpToDate.

– Pathogenesis, epidemiology, and clinical manifestations of celiac disease in adults – UpToDate.

– Management of celiac disease in adults – UpToDate.

– Epidemiology, pathogenesis, and clinical manifestations of celiac disease in children – UpToDate.


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