
Citomegalovírus na Gravidez: Riscos e Tratamento
O citomegalovírus (CMV) é uma infecção viral comum que pode ter implicações sérias durante a gravidez. Esse vírus é capaz de atravessar a placenta e provocar infecções congênitas, que podem resultar em sequelas neurológicas e auditivas no feto. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico especializado são fundamentais para gerenciar os riscos associados a essa condição.
O que é o Citomegalovírus?
O citomegalovírus, conhecido pela sigla CMV, pertence à família dos herpesvírus. Este vírus é extremamente comum, com estimativas indicando que até 100% dos adultos em algumas populações, especialmente em países em desenvolvimento, já tiveram contato com ele. Mesmo em nações desenvolvidas, como a Finlândia e os Estados Unidos, mais de 80% da população pode estar infectada.
A infecção por CMV, conhecida como citomegalovirose, é frequentemente assintomática em pessoas com um sistema imunológico saudável. No entanto, a situação muda drasticamente para mulheres grávidas e indivíduos imunocomprometidos, pois a infecção durante a gestação pode ser muito perigosa para o feto, associando-se a um risco elevado de malformações congênitas e infecções graves nos primeiros meses de vida.
Citomegalovirose na Gravidez
O principal problema da infecção por citomegalovírus durante a gravidez não está relacionado à saúde da mãe, mas sim às potenciais complicações para o feto. Existem duas formas de contrair citomegalovirose: a infecção primária, que ocorre quando uma pessoa nunca exposta ao vírus é infectada pela primeira vez, e a reativação de uma infecção anterior. Após a infecção inicial, o sistema imunológico produz anticorpos que controlam o vírus, mas o CMV permanece latente no corpo e pode reativar-se caso o sistema imunológico falhe.
O risco de infecção fetal é consideravelmente maior durante uma infecção primária em comparação com a reativação do vírus. Estudos mostram que aproximadamente 40% dos bebês de mães que apresentam infecção primária durante a gravidez nascem com o vírus, enquanto apenas 1% dos bebês de mães com reativação da infecção contraem o CMV.
Transmissão do Citomegalovírus
A maioria dos bebês infectados pelo CMV adquire o vírus durante a gestação, uma vez que ele pode se multiplicar na placenta e infectar o feto. Outras formas de transmissão incluem o parto vaginal, onde o contato com sangue e secreções maternas pode ocorrer, e a amamentação, onde o vírus pode ser transmitido pelo leite materno. A contaminação da mãe pode ocorrer através de diversas vias, como relações sexuais, contato próximo, doação de sangue e até mesmo por meio de alimentos manipulados com mãos não higienizadas.
O citomegalovírus pode sobreviver em superfícies por períodos variados, o que aumenta o risco de contaminação. Por exemplo, ele pode permanecer viável em superfícies metálicas e de madeira por até uma hora, e em vidro e plástico por até três horas.
Sintomas da Citomegalovirose Congênita
Os sintomas da infecção congênita por CMV podem variar dependendo da via de transmissão e do trimestre em que ocorreu a infecção. Embora 90% dos bebês contaminados ao longo da gestação não apresentem sinais ou sintomas evidentes ao nascimento, até 15% destes podem desenvolver perda auditiva progressiva ao longo do tempo.
Os sinais clínicos mais comuns da infecção congênita incluem:
- Recém-nascidos com tamanho abaixo do esperado.
- Hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço).
- Anemia.
- Petéquias e púrpura (manchas na pele).
- Icterícia (pele amarelada).
Dois terços dos recém-nascidos com sintomas de infecção congênita apresentarão envolvimento neurológico, que pode incluir microcefalia, convulsões e dificuldades de alimentação.
Diagnóstico na Mãe: O que são IgG e IgM?
A sorologia é o exame utilizado para detectar a presença de anticorpos no sangue. Ela serve como um método indireto para identificar infecções. No caso do CMV, a sorologia busca dois tipos de anticorpos: IgG e IgM. O IgM é um indicador de infecção recente, enquanto o IgG indica uma infecção passada e a imunidade ao vírus.
Em infecções comuns, a detecção de IgM e IgG é relativamente simples, mas no caso do CMV, a interpretação pode ser complexa. Os anticorpos IgM podem persistir por longos períodos, tornando difícil determinar se a infecção é recente ou antiga. A dosagem dos anticorpos IgG pode ajudar a esclarecer a situação, pois um aumento significativo indica uma infecção recente.
Diagnóstico no Bebê
Em gestantes com infecção confirmada, o próximo passo é identificar a infecção fetal por meio de exames pré-natais, como ultrassonografia ou amniocentese. O ultrassom é uma ferramenta acessível que pode detectar alguns casos graves, mas não é infalível e pode não identificar todas as anomalias associadas ao CMV.
Os achados mais frequentes no ultrassom para infecção fetal por CMV incluem:
- Restrição do crescimento fetal.
- Dilatação dos ventrículos cerebrais.
- Ascite (acúmulo de líquido abdominal).
- Calcificações intracranianas.
Tratamento
Atualmente, não há um tratamento comprovado que possa impedir a infecção do feto caso a mãe contraia o CMV durante a gravidez. A previsão de possíveis complicações também é desafiadora. Contudo, a maioria dos bebês nascidos de mães que contraem o vírus no primeiro trimestre são saudáveis, com apenas 10 a 20% apresentando complicações.
Referências
- Cytomegalovirus infection in pregnancy – UpToDate.
- Cytomegalovirus Infection in Pregnancy: Should All Women Be Screened? – Reviews in obstetrics and gynecology.
- Cytomegalovirus infection in pregnancy: review of the literature – Journal of prenatal medicine.
- Cytomegalovirus (CMV) and Congenital CMV Infection – Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
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