O Que é Gravidez Ectópica e Quais os Seus Sintomas?

Gravidez Ectópica: Entendendo o Que É, Sintomas e Tratamento

A gravidez ectópica é uma condição médica crítica que ocorre quando um óvulo fertilizado se implanta fora do útero, sendo a localização mais comum as trompas de Falópio. Esta condição é considerada uma emergência médica e pode levar a complicações graves, incluindo hemorragia interna.

O Que É Gravidez Ectópica?

A gravidez ectópica se refere à implantação anormal do óvulo fecundado em locais que não são o útero. A forma mais prevalente é a gravidez tubária, onde o óvulo se aloja nas trompas de Falópio. O processo normal de gestação envolve a ovulação, a migração do óvulo para as trompas, a fecundação e, finalmente, a implantação do embrião na parede do útero. No entanto, na gravidez ectópica, essa sequência é interrompida, resultando na implantação do embrião nas trompas ou em outros locais, como o ovário, colo do útero ou cavidade abdominal.

Estima-se que a gravidez ectópica ocorra em cerca de 1 a 2% de todas as gestações. O diagnóstico geralmente é feito em torno da oitava semana de gravidez. Sem tratamento, a gravidez ectópica pode ser fatal.

Fatores de Risco

Existem diversos fatores que podem aumentar a probabilidade de uma gravidez ectópica. Entre os principais, destacam-se:

Fatores que Elevam Muito o Risco:

  • Inflamação ou infecção das trompas de Falópio (salpingite).
  • Danos estruturais nas trompas devido a infecções anteriores.
  • Cirurgias anteriores nas trompas.
  • Falhas em ligaduras tubárias.
  • Histórico de gravidez ectópica anterior.
  • Uso de dispositivos intrauterinos (DIU) que, embora raros, podem falhar e aumentar o risco de gravidez tubária.

Fatores que Elevam Moderadamente o Risco:

  • Tabagismo.
  • Tratamentos para infertilidade.
  • Infecções ginecológicas anteriores, como clamídia ou gonorreia.
  • Histórico de doença inflamatória pélvica (DIP).
  • Endometriose.
  • Ter múltiplos parceiros sexuais.

Fatores que Elevam Levemente o Risco:

  • Cirurgias abdominais ou pélvicas anteriores.
  • Prática de duchas vaginais.
  • Gravidez antes dos 18 anos.

Sintomas

Os sintomas iniciais da gravidez ectópica podem mimetizar os de uma gravidez normal, como a ausência de menstruação, náuseas, sensibilidade mamária e aumento da frequência urinária. No entanto, muitas mulheres podem não perceber que estão grávidas até que surjam os primeiros sinais da gravidez ectópica, que costumam aparecer entre a sexta e a oitava semana de gestação.

Uma paciente com gravidez ectópica pode apresentar uma combinação dos seguintes sintomas:

  • Dor abdominal, que geralmente é unilateral, podendo ser difusa.
  • Atraso menstrual.
  • Sangramento vaginal, que pode variar em intensidade.

A dor abdominal pode aumentar de intensidade, especialmente se houver ruptura da trompa, levando a sinais de peritonite e risco de choque circulatório.

Tipos de Gravidez Ectópica

Os tipos mais comuns de gravidez ectópica incluem:

  • Tubária: A forma mais comum, ocorrendo em aproximadamente 98% dos casos, com o embrião se implantando nas trompas de Falópio.
  • Ovariana: Quando o óvulo fertilizado se implanta diretamente no ovário.
  • Cervical: Ocorre no colo do útero, sendo raro e difícil de tratar.
  • Abdominal: O embrião se implanta em qualquer parte da cavidade abdominal.
  • Cesárea: Implantação na cicatriz de uma cesariana anterior.
  • Intramural ou Intersticial: Ocorre na parte da trompa que atravessa a parede do útero.

Diagnóstico

O diagnóstico de gravidez ectópica não pode ser estabelecido apenas com base nos sintomas. Normalmente, é necessário um exame ginecológico e uma ultrassonografia transvaginal. Um resultado positivo de Beta hCG, com uma elevação mais lenta do que o habitual e a ausência de um embrião dentro do útero, são sinais importantes para a investigação diagnóstica.

Tratamento

Todas as gravidezes ectópicas precisam de tratamento, pois não têm futuro e podem levar a complicações severas. O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico.

Tratamento Medicamentoso

Quando diagnosticada precocemente, a gravidez ectópica pode ser tratada com medicamentos que inibem o desenvolvimento do embrião. O metotrexato é frequentemente utilizado para esse fim. As condições para o tratamento medicamentoso incluem embriões com menos de 4 cm, ausência de batimentos cardíacos e níveis de beta hCG abaixo de 5000 mIU/mL.

Tratamento Cirúrgico

A cirurgia continua a ser uma opção para a maioria dos casos, especialmente quando há risco de ruptura das trompas. A remoção do embrião e reparo da trompa são comuns, embora em alguns casos a trompa possa precisar ser removida.

Dúvidas Comuns

O teste de gravidez pode dar positivo na gravidez ectópica?

Sim, os testes de gravidez podem indicar positivo, pois detectam o hormônio hCG, que é produzido após a implantação do óvulo, mesmo que esta ocorra fora do útero.

É possível sentir o bebê se movendo na gravidez ectópica?

Não, na gravidez ectópica, o embrião não se desenvolve o suficiente para que se sintam movimentos.

Uma mulher que teve uma gravidez ectópica pode ter uma gravidez normal no futuro?

Sim, é possível ter uma gravidez normal após uma ectópica, dependendo das condições das trompas de Falópio e do tratamento recebido.

O que fazer para evitar uma gravidez ectópica?

Para reduzir o risco, é importante tratar infecções, parar de fumar, ter consultas médicas regulares e considerar opções como a fertilização in vitro se houver problemas nas trompas.

Referências

  • Ectopic pregnancy: Epidemiology, risk factors, and anatomic sites – UpToDate.
  • Ectopic pregnancy: Clinical manifestations and diagnosis – UpToDate.
  • Ectopic pregnancy: Methotrexate therapy – UpToDate.
  • Ectopic Pregnancy – American College of Obstetricians and Gynecologists.
  • Diagnosis and management of ectopic pregnancy – BMJ Sexual & Reproductive Healthcare.

Nota de Responsabilidade:Os conteúdos apresentados no MedFoco têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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