
Hipertensão: Um Desafio Global e Nacional
A hipertensão, uma condição que afeta aproximadamente 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo, é um problema de saúde pública significativo. De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 23% desses indivíduos, ou cerca de 320 milhões, conseguem manter a doença sob controle. Este cenário é alarmante, pois a hipertensão é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Hipertensão no Brasil
No Brasil, a situação é igualmente preocupante. Estima-se que 34,5 milhões de adultos e idosos apresentem hipertensão não controlada. A prevalência da doença entre a população adulta e idosa de 30 a 79 anos é de 46%, sendo 49% entre homens e 43% entre mulheres. Esses números superam a média global de 34%.
Dentre os 55,7 milhões de brasileiros diagnosticados com hipertensão, apenas 38%, ou seja, 21,2 milhões, têm a condição sob controle. Esses dados ressaltam a necessidade urgente de intervenções eficazes para o manejo da hipertensão no país.
Consequências da Hipertensão
A hipertensão é uma das principais causas de complicações graves, como ataques cardíacos, AVCs, doença renal crônica e demência. Embora a condição seja prevenível e tratável, a OMS alerta que, sem ações imediatas, milhões de vidas continuarão a ser perdidas anualmente devido a complicações relacionadas à pressão alta. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, destaca que mais de 1 mil vidas são perdidas a cada hora em decorrência de AVCs e ataques cardíacos causados pela pressão alta, enfatizando que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas.
Definição e Classificação da Hipertensão
A OMS define a hipertensão como uma condição em que a pressão arterial se encontra igual ou acima de 140 mmHg para a pressão sistólica e 90 mmHg para a pressão diastólica, em pelo menos dois dias diferentes. Contudo, mesmo níveis de pressão arterial inferiores podem representar riscos à saúde. Por exemplo, uma pressão sistólica de 130 mmHg pode aumentar o risco de problemas cardíacos e renais, apesar de não ser classificada como hipertensão.
A nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial também reflete essa preocupação, reconhecendo os riscos associados a níveis de pressão arterial inferiores a 14 por 9. De acordo com a diretriz, a pressão arterial considerada normal deve ser inferior a 120 mmHg para a pressão sistólica e a 80 mmHg para a pressão diastólica.
Dados sobre Controle da Hipertensão
O relatório da OMS, que abrange dados de 2024, revela que 99 países, ou cerca de 50,8%, apresentam taxas de controle da hipertensão inferiores a 20%. A maioria das pessoas afetadas reside em países de baixa e média renda, onde doenças cardiovasculares, incluindo a hipertensão, custaram aproximadamente US$ 3,7 trilhões entre 2011 e 2025, representando cerca de 2% do PIB combinado dessas nações.
O documento ainda aponta para lacunas significativas na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento da hipertensão. Entre as principais barreiras destacam-se a fragilidade das políticas de saúde, a dificuldade de acesso a equipamentos para medição da pressão arterial, a ausência de protocolos de tratamento padronizados e a falta de profissionais capacitados em atenção primária.
Desafios e Oportunidades no Combate à Hipertensão
Apesar dos desafios, há exemplos positivos de como o controle da hipertensão pode ser melhorado. Bangladesh, por exemplo, conseguiu aumentar a taxa de controle da doença de 15% para 56% em algumas regiões, ao incluir o tratamento no pacote essencial de serviços de saúde e reforçar o rastreamento e acompanhamento. Da mesma forma, a Coreia do Sul alcançou uma taxa de controle de 59% em 2022, implementando reformas que incluíram a oferta de medicamentos anti-hipertensivos a baixo custo e a limitação das taxas cobradas dos pacientes.
A OMS destaca que os medicamentos para hipertensão são uma das ferramentas mais custo-efetivas para a saúde pública. Contudo, apenas 28% dos países de baixa renda afirmam ter todos os medicamentos recomendados disponíveis nas farmácias ou unidades de atenção primária, evidenciando a necessidade de melhorias significativas nesse setor.
Conclusão
O controle da hipertensão é um desafio global que requer atenção e ação imediata, especialmente no Brasil. Com políticas de saúde mais robustas, acesso a tratamentos adequados e campanhas de conscientização, é possível reduzir as taxas de hipertensão e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas afetadas por essa condição.
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