Medicamento de R$ 2 Milhões Para Câncer Infantil no SUS

Câncer Infantil: Medicamento de R$ 2 Milhões Ganha Parecer Favorável para Inclusão no SUS

Recentemente, o medicamento Qarziba (betadinutuximabe), indicado para o tratamento de neuroblastoma, recebeu um parecer positivo da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Este avanço é especialmente relevante em um cenário onde o acesso a tratamentos eficazes para crianças com câncer é frequentemente limitado devido ao alto custo dos medicamentos. O caso de Pedro, filho do indigenista Bruno Pereira e da antropóloga Beatriz de Almeida Matos, mobilizou a sociedade em uma campanha de arrecadação que buscou R$ 2 milhões para a compra do medicamento. Com a ajuda de milhares de doadores, a campanha foi um sucesso e garantiu que o menino, então com 5 anos, pudesse iniciar a terapia.

O neuroblastoma é um tipo agressivo de câncer que afeta principalmente crianças menores de 10 anos, podendo inclusive acometer recém-nascidos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença geralmente se origina nas glândulas adrenais, localizadas na parte superior dos rins, e pode causar aumento abdominal significativo. Tradicionalmente, o tratamento desse câncer envolve uma combinação de quimioterapia, cirurgia, radioterapia e, em casos mais graves, transplante de medula óssea. A introdução do Qarziba na lista de opções de tratamento representaria uma nova esperança para muitas famílias, oferecendo uma alternativa baseada em imunoterapia.

O Papel do Qarziba no Tratamento do Neuroblastoma

O Qarziba é classificado como uma imunoterapia, que atua como uma proteína capaz de se ligar às células tumorais, estimulando o sistema imunológico do paciente a combatê-las. Estudos demonstraram que este medicamento pode aumentar em até 34% a expectativa de sobrevivência e em 29% a chance de remissão da doença, o que torna sua inclusão no SUS ainda mais crucial. O acesso a tratamentos como o Qarziba pode transformar o prognóstico de crianças diagnosticadas com neuroblastoma, que muitas vezes enfrentam um futuro incerto.

A recomendação da Conitec para a incorporação do Qarziba ao SUS é um passo significativo, mas ainda depende da manutenção do desconto oferecido pela empresa fabricante, o laboratório farmacêutico Recordati. A expectativa é que, com a análise desse novo parecer pelo Ministério da Saúde, cerca de 55 pacientes por ano possam se beneficiar da terapia, caso a decisão final seja favorável.

Mobilização e Advocacia pelo Acesso ao Tratamento

Antes da reunião decisiva da Conitec, Beatriz e Laira Inácio, fundadora do Instituto Anaju, se reuniram com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir o fornecimento do Qarziba pelo SUS. Durante esse encontro, foi enfatizada a urgência da situação e a necessidade de unir esforços para pressionar o governo a garantir que o medicamento esteja acessível a todas as crianças que dele necessitam. As mobilizações nas redes sociais, incluindo postagens no Instagram, têm sido fundamentais para aumentar a visibilidade do caso e engajar a sociedade em torno da causa.

As palavras de Beatriz na postagem refletem a determinação de muitos pais e defensores da saúde infantil: “O Qarziba pode ser a esperança de muitas famílias que enfrentam o câncer infantil. Não podemos permitir que a burocracia seja um obstáculo para a vida dessas crianças. Agora, mais do que nunca, contamos com o apoio de todos para fazer nossa voz ser ouvida!” Essa mobilização mostra como a união entre cidadãos, profissionais de saúde e autoridades pode ser poderosa na luta por direitos essenciais à saúde.

Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar do avanço com o parecer favorável da Conitec, a realidade do acesso a medicamentos para o tratamento do câncer infantil ainda é desafiadora. A alta carga financeira que muitos tratamentos impõem às famílias é um fator crítico que pode determinar a continuidade do tratamento e a qualidade de vida das crianças afetadas. A inclusão do Qarziba no SUS poderia não apenas aliviar o peso financeiro sobre as famílias, mas também garantir que mais crianças tenham acesso a terapias inovadoras que podem salvar suas vidas.

O cenário atual destaca a importância de políticas públicas que assegurem o acesso universal a tratamentos de saúde, especialmente no contexto de doenças tão devastadoras quanto o câncer infantil. A luta por medicamentos como o Qarziba não é apenas uma questão de saúde, mas também de justiça social e direitos humanos. À medida que o Brasil avança na discussão sobre a incorporação de novas tecnologias no sistema de saúde, é crucial que a voz da sociedade civil continue a ser ouvida, garantindo que cada criança tenha a chance de receber o tratamento que precisa.


Nota de Responsabilidade:Os conteúdos apresentados no MedFoco têm caráter informativo e visam apoiar decisões estratégicas e operacionais no setor da saúde. Não substituem a análise clínica individualizada nem dispensam a consulta com profissionais habilitados. Para decisões médicas, terapêuticas ou de gestão, recomenda-se sempre o acompanhamento de especialistas qualificados e o respeito às normas vigentes.

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