
O que é o exame de PSA e como é utilizado?
O exame de PSA, ou Antígeno Prostático Específico, é um teste que mede a quantidade dessa proteína no sangue, produzida por células da glândula prostática. Sua principal função é ajudar na liquefação do sêmen, facilitando a movimentação dos espermatozoides. Tanto células normais quanto cancerosas da próstata produzem PSA, mas as células cancerosas tendem a liberar mais dessa proteína na corrente sanguínea, devido à sua permeabilidade aumentada.
Exame de PSA: Triagem para câncer de próstata
O exame de PSA começou a ser amplamente utilizado na década de 1990 para a triagem do câncer de próstata. No entanto, sua aplicação é cercada de controvérsias. O câncer de próstata geralmente tem um crescimento lento, e há preocupações de que o teste possa identificar muitos tumores de baixo grau que podem não representar uma ameaça à vida do paciente. Apesar disso, pesquisas indicam que o exame de PSA pode salvar vidas ao detectar cânceres em estágios iniciais, que são mais tratáveis.
A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF), um painel respeitado de especialistas em medicina preventiva, adota uma postura cautelosa sobre o exame de PSA. A USPSTF recomenda que médicos discutam os prós e contras do teste em homens entre 55 e 69 anos, mas também adverte contra a triagem em homens com mais de 70 anos e não faz recomendações para homens abaixo de 55 anos. Grupos de especialistas, como a Sociedade Americana de Câncer (ACS), recomendam triagem mais precoce para homens em grupos de risco elevado, como os homens negros, que têm o dobro da probabilidade de serem diagnosticados e morrerem em decorrência do câncer de próstata em comparação aos homens brancos.
Recomendações específicas para grupos de risco
A ACS recomenda que homens negros realizem o exame de PSA a partir dos 45 anos. Além disso, aqueles com parentes de primeiro grau diagnosticados com câncer de próstata em idades jovens, assim como homens que testam positivo para mutações em genes de risco, como BRCA1 e BRCA2, devem considerar a triagem mais precoce.
É importante observar que atividades que pressionam a glândula prostática, como andar de bicicleta ou ter relações sexuais, podem elevar temporariamente os níveis de PSA. Por isso, é aconselhável evitar essas atividades por dois a três dias antes do exame. Condições de saúde que afetam a próstata, como infecções, inflamação (prostatite) ou aumento benigno da glândula, comum em homens mais velhos, também podem causar elevações dos níveis de PSA que não estão relacionadas ao câncer.
O que é um resultado anormal de PSA?
Em geral, níveis de PSA superiores a 4 nanogramas por mililitro (ng/mL) são considerados anormais. No entanto, médicos podem variar os limites de PSA de acordo com a idade. Por exemplo, um PSA de 3,5 ng/mL em um homem na faixa dos 40 anos é considerado anormal, enquanto um PSA de 5,5 ng/mL em homens na faixa dos 60 anos pode não ser. É útil pensar nos valores de PSA como parte de um espectro, com níveis mais altos associados à presença de câncer de próstata.
Além disso, o exame de PSA pode falhar em detectar câncer em alguns casos. Estudos mostram que até 15% dos homens com níveis de PSA abaixo de 4 ng/mL realmente têm câncer de próstata, e muitos desses tumores são clinicamente significativos. Também é possível que cânceres de alto grau estejam presentes sem causar um aumento significativo nos níveis de PSA, pois as células cancerosas de alto grau podem perder a capacidade de produzir a proteína.
Próximos passos após um resultado anormal
Historicamente, resultados elevados de PSA eram frequentemente seguidos por biópsias da próstata e, se o câncer fosse detectado, iniciava-se o tratamento. Contudo, atualmente, essa abordagem está mudando. Um resultado anormal é frequentemente seguido por uma ressonância magnética (MRI), que pode identificar áreas da próstata que parecem suspeitas para câncer. Em alguns hospitais, homens com resultados de PSA anormais podem evitar uma biópsia inicial se os resultados da MRI forem negativos. No entanto, muitos médicos ainda optam por realizar uma biópsia inicial, seguida de testes periódicos de PSA e ressonâncias magnéticas para determinar se mais biópsias são necessárias.
Caso a biópsia inicial e os resultados da MRI sejam positivos, os médicos realizam uma biópsia direcionada nas áreas onde a MRI indicou evidência de câncer. Se o câncer for confirmado, os próximos passos serão iniciados. Atualmente, muitos cânceres de baixo grau são monitorados com vigilância ativa e tratados apenas se biópsias de acompanhamento e ressonâncias magnéticas indicarem piora da doença. Cânceres de alto grau, por outro lado, recebem tratamento imediato.
Variações no exame de PSA
Em vez de submeter todos os pacientes com níveis elevados de PSA a uma biópsia, alguns médicos realizam testes adicionais que envolvem interpretações mais detalhadas dos níveis de PSA. Entre essas variações estão:
- Teste de PSA livre: avalia a fração do PSA que não está ligada a outras proteínas. Percentuais baixos de PSA livre estão associados a um maior risco de câncer.
- Densidade de PSA: divide o nível total de PSA em ng/mL pelo volume da glândula prostática em mililitros. Uma densidade de PSA de 0,15 ng/mL ou mais pode estar associada ao câncer de próstata.
- Velocidade do PSA: monitora a rapidez com que os níveis de PSA aumentam de teste para teste.
- Índice de Saúde da Próstata: combina o PSA total, o PSA livre e um tipo de PSA conhecido como proPSA. Algumas evidências sugerem que esse índice diagnostica câncer de próstata com mais precisão do que o PSA isolado.
No próximo segmento desta série, abordaremos como o PSA é utilizado como teste para monitorar e gerenciar pacientes com câncer de próstata.
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