Obesidade Não é Reconhecida Como Doença pela ONU

Obesidade segue sem status de doença na ONU

26 de setembro de 2025 • 3 mins. de leitura

A nova Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), que será votada nesta semana durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), gerou um clima de insatisfação entre especialistas e entidades médicas, uma vez que não reconhece a obesidade como uma doença. Esse reconhecimento é considerado crucial para o desenvolvimento de políticas de saúde pública eficazes e abrangentes.

O documento em questão também falha ao não abordar a necessidade de acesso a tratamentos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Um exemplo disso é o plano de aceleração para parar a obesidade, que incentiva os países a reconhecerem a obesidade como uma doença, a integrar sua prevenção e tratamento na atenção primária à saúde e a implementar políticas que promovam uma alimentação saudável, além de tributação de produtos ultraprocessados e ampliação do acesso a terapias eficazes.

De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), é fundamental que os líderes globais compreendam a gravidade da situação atual. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com obesidade, e se não forem adotadas medidas adequadas, o impacto econômico da condição pode chegar a 3% do PIB global até 2030.

“A obesidade não pode mais ser ignorada como um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo. É necessário que os governos assumam compromissos claros, baseados em ciência, para reduzir o impacto da doença e garantir políticas de prevenção e tratamento efetivas”, declara Fábio Trujilho, presidente da Abeso, em um comunicado à imprensa.

O panorama da obesidade no Brasil

No Brasil, a situação é alarmante. Estima-se que 68% da população adulta apresente sobrepeso (IMC acima de 25) ou obesidade (IMC acima de 30), conforme dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial de Obesidade. Em 2021, mais de 60 mil mortes prematuras no país foram atribuídas a doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso.

Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso e presidente eleito da Federação Mundial de Obesidade, ressalta que a falta de reconhecimento da obesidade como uma doença crônica na nova declaração da ONU faz com que o tema perca importância, ficando relegado a segundo plano nas políticas de saúde pública. “Se não reconhecemos o problema, não teremos solução. O documento da ONU não reconhecerá a obesidade como doença e a deixará fora da discussão”, afirma Halpern.

A importância do reconhecimento da obesidade

A Abeso defende que a obesidade seja oficialmente reconhecida como uma doença crônica, o que facilitaria o acesso a tratamentos eficazes, como os agonistas de GLP-1, que podem ajudar a conter a progressão da condição e das enfermidades associadas. Além disso, a entidade enfatiza a necessidade de integrar a prevenção e o tratamento da obesidade na atenção primária à saúde e de envolver pessoas que vivem com a condição na formulação de políticas públicas.

O alerta da Federação Mundial de Obesidade é claro: para que os governos cumpram os compromissos já assumidos e adotem ações concretas contra a obesidade, é imperativo um reconhecimento formal da doença. Sem essas medidas, será impossível avançar de maneira consistente no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis.

O não reconhecimento da obesidade como uma doença pela ONU não apenas prejudica a formulação de políticas adequadas, mas também contribui para a estigmatização de indivíduos que convivem com a condição. Essa falta de reconhecimento pode levar à exclusão de recursos e apoio necessários para o tratamento e a prevenção da obesidade, perpetuando um ciclo vicioso de saúde precária e aumento dos custos com saúde pública.

É essencial que a comunidade internacional se una para combater a obesidade, reconhecendo-a como uma doença que requer atenção e ação urgentes. Somente assim será possível garantir uma abordagem integrada e eficaz para o enfrentamento desse problema global de saúde pública.


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