Anvisa Aprova Mounjaro Para Tratamento de Apneia do Sono

Anvisa aprova Mounjaro para tratar apneia do sono

Em uma importante atualização para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 20 de outubro de 2025, o uso do medicamento Mounjaro, conhecido quimicamente como tirzepatida. Este medicamento, que já era utilizado para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, agora se torna a primeira opção farmacológica aprovada pela Anvisa para tratar AOS moderada e grave em pacientes com obesidade.

A apneia obstrutiva do sono é uma condição crônica que afeta aproximadamente 50 milhões de brasileiros, conforme estimativa publicada na revista The Lancet Respiratory Medicine em 2019. A AOS é caracterizada por interrupções no fluxo respiratório durante o sono, que ocorrem devido ao estreitamento das vias aéreas na região da faringe. Esta situação pode ser agravada pela mudança de posição da língua e pela estrutura do pescoço quando a pessoa se deita.

Edilson Zancanella, coordenador do Conselho de Administração da Academia Brasileira do Sono (ABS), explica que, durante as interrupções respiratórias, há uma queda significativa nos níveis de oxigênio no organismo. Essa falta de oxigênio pode causar sérios danos ao corpo, afetando o funcionamento celular e cerebral, além de disparar alarmes no organismo que forçam a respiração. Isso resulta em um sono fragmentado, prejudicando a qualidade do descanso e afetando funções essenciais, como memória, concentração e a regulação hormonal.

Além das consequências diretas sobre a qualidade do sono, os episódios de apneia podem levar a um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, elevando o risco de doenças graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). A pneumologista Erika Treptow, especializada em medicina do sono, aponta que os homens acima dos 40 anos são os mais afetados pela AOS, sendo a obesidade e o sobrepeso fatores de risco significativos. O acúmulo de gordura na região cervical e abdominal prejudica a ventilação durante o sono, contribuindo para a gravidade da condição.

Mounjaro e o tratamento da apneia

Historicamente, o tratamento da apneia obstrutiva do sono tem se concentrado em abordagens mecânicas, como o uso de aparelhos de pressão positiva nas vias aéreas (CPAP), além de fonoterapia e intervenções cirúrgicas. A aprovação do Mounjaro foi baseada nos resultados do estudo clínico de fase 3, conhecido como SURMOUNT-OSA. Este estudo avaliou a eficácia da tirzepatida em pacientes que já utilizavam CPAP e também em aqueles que não utilizavam.

Os resultados do estudo mostraram que o Mounjaro foi eficaz na redução das interrupções respiratórias durante o sono. Inicialmente, os participantes apresentavam cerca de 50 interrupções por hora. Após um ano de tratamento, aqueles que utilizaram o Mounjaro em conjunto com o CPAP tiveram uma redução de aproximadamente 29,3 eventos por hora, em comparação a 5,5 eventos no grupo que recebeu placebo. Por outro lado, os pacientes que usaram apenas Mounjaro apresentaram uma média de 25,3 interrupções a menos, em comparação a 5,3 eventos no grupo placebo.

Além da redução das interrupções respiratórias, o tratamento com Mounjaro também resultou em perda de peso significativa entre os participantes. Aqueles que usaram o medicamento perderam, em média, 20,4 kg, o que representa cerca de 18% do peso corporal. Os pacientes que associaram Mounjaro ao uso de CPAP perderam ainda mais peso, com uma média de 22,7 kg, ou 20% do peso corporal. O estudo contou com a participação de 469 indivíduos de vários países, incluindo EUA, Brasil, Austrália, China, Alemanha e México.

A aprovação do Mounjaro representa um avanço significativo no tratamento da apneia obstrutiva do sono. Erika Treptow destaca que, nos últimos anos, diversas pesquisas têm sido realizadas visando encontrar medicamentos eficazes para ajudar pacientes com essa condição. O estudo que comprovou a eficácia do Mounjaro foi publicado no renomado The New England Journal of Medicine, o que confere ainda mais credibilidade aos seus resultados.

Com essa nova opção de tratamento, espera-se que mais pacientes possam ter acesso a uma abordagem eficaz que não só melhore os sintomas da apneia obstrutiva do sono, mas que também contribua para a redução do peso e, consequentemente, para a melhora da qualidade de vida.


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